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Em 2019 celebramos os 50 anos da atual Arena Batistão. A sua inauguração foi um dos maiores eventos realizados em Aracaju até aquele momento. Parte da organização do evento foi realizada pelo Departamento de Turismo de Aracaju. Um dos seus organizadores, Carlos Magalhães , tornou-se, em 1972, o primeiro Presidente da Empresa Sergipana de Turismo – Emsetur. Será que a cidade de Aracaju estava preparada para um evento daquele porte?

Uma das grandes ações do Departamento de Turismo de Aracaju foi à organização da inauguração do Estádio Estadual Lourival Baptista, o Batistão. A obra vinha substituir o Estádio Estadual de Aracaju. A data oficial da abertura do citado estádio é 09 de julho de 1969, mas desde o início desse ano, os gestores do referido departamento já planejavam os festejos daquele que seria o marco de crescimento do futebol sergipano e da modernidade na “terra do petróleo”. De acordo com o radialista e sanitarista Carlos Magalhães, que foi um dos organizadores do evento e responsável pelo convite e acomodação da imprensa brasileira em Aracaju, “a autoestima de todo sergipano foi polida. Ali estava um estádio que colocava Sergipe na vitrine do esporte no país”. Os postais da cidade de Aracaju passaram a divulgar o Batistão, para o departamento municipal de turismo surgia um novo atrativo turístico da capital sergipana.

O Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Aracaju foi criado em 1967, no último ano da gestão do prefeito Godofredo Diniz Gonçalves. De acordo com o discurso do gestor municipal, tal departamento ficaria responsável pelo planejamento e execução dos principais festejos na cidade, ou seja, o carnaval e os festejos religiosos, as festas juninas e natalinas, o encontro de evangélicos, a Noite dos Combones, reunião de umbandistas sergipanos e na organização de grandes eventos como a sua participação na inauguração do Batistão. Ficava ainda responsável pela promoção turística do destino Aracaju e demais cidades sergipanas e pelo desenvolvimento do Turismo aqui em Sergipe. 

Quando o radialista Welligton Elias escrevia sobre o Batistão em “Roteiros de Aracaju (1970-1971)”, material promocional organizado pelo próprio Departamento Municipal de Turismo de Aracaju, o mesmo acreditava que com a construção do estádio Sergipe conseguiria “projeção no plano externo, procurando firmar uma nova imagem de um futebol que no plano interno continua atrofiado”. O orgulho era enorme, um “espetáculo da engenharia moderna”, construída em tempo recorde, cerca de um ano. Acredita-se que desde o século XIX o que os diversos atores sociais, em diferentes contextos e com os mais variados fins, procuram construir esse imaginário positivo sobre Sergipe em diversas áreas, massageando a “autoestima” dos sergipanos. 

De alguma forma o estado precisava demonstrar a todo instante que mesmo pequeno territorialmente era um gigante nas letras, na economia, na política e, nesse momento, no esporte. Os clubes do futebol sergipano iniciaram de fato um processo de profissionalização somente na década de 1960. Apenas a Associação Desportiva Confiança havia conseguido se destacar em duas Taças Brasil até aquele momento, apesar do Club Sportivo Sergipe possuir o maior número de títulos estaduais e a maior torcida do estado, segundo os escritos da época.  O certo é que a construção do referido estádio auxiliou de forma significativa ao futebol sergipano.

A “pátria de chuteiras” voltou em algum momento o seu olhar para Aracaju, já que o grande acontecimento da inauguração foi a disputa entre a seleção sergipana contra a seleção brasileira, a mesma base que seria campeã mundial no México .  No torneio inicial estavam presentes os times do Flamengo e do Vasco do Rio de Janeiro. Nas apresentações culturais, artistas sergipanos e o forró de Dominguinhos, Anastácia e Luiz Gonzaga, que cantaram o hino do Batistão, feito pelo jornalista Hugo Costa.   

O grande problema foi que um evento desse porte atraiu vários visitantes de diversas partes do estado de Sergipe e do Brasil e Aracaju não possuía meios de hospedagens suficientes. Estima-se que o Batistão tenha recebido entre 35 e 40 mil pessoas, sendo cerca de 200 profissionais de imprensa, superando a capacidade de carga do estádio. Foi preciso alugar casas de particulares e vários aracajuanos receberam visitantes ou cederam seus imóveis temporariamente à organização do evento. Ficou comprovado que faltava infraestrutura para receber grandes eventos na capital sergipana.